Casas de vegetação, as chamadas “green house”, são estruturas construídas em diferentes tamanhos e tipos de materiais, como madeira, ferro, alumínio, etc., e são cobertas por um plástico transparente que permita a passagem da luz solar. Neste tipo de estrutura é condicionada a aplicação de transformação de fatores físicos da própria natureza do ambiente através do aumento e conservação da temperatura interna. Utilizando-se então do efeito estufa criado no microambiente em questão, razão pela qual as casas de vegetação são também conhecidas como estufas, é possível o cultivo de flores e hortaliças de modo ininterrupto de forma que as características climáticas externas não interfiram no desenvolvimento e crescimento natural das espécies. O tamanho de uma casa de vegetação é determinado principalmente pelo objetivo de operação. Para cultivos em escala comercial, são encontradas como amplos corredores de cultivo na maioria dos casos com automatização do sistema de hidráulico, já as de pequeno porte são desenvolvidas para diversas finalidades, sendo pesquisas na área de ciências naturais a principal delas. Na Universidade Federal do Rio de Janeiro, campus Xerém, houve a construção de um espaço (3x5m) destinado ao cultivo de plantas medicinais na presença e ausência de solo. Ainda em fase inicial já conta com cinco espécies em cultivo, são elas: Manjericão (Ocimum basilicum), Sálvia (Salvia officinalis), Erva Cidreira (Melissa officinalis), Alecrim (Rosmarinus officinalis) e Erva Doce (Foeniculum vulgare). As espécies estão sendo cultivadas em solo e também em sistema de hidroponia construído dentro da casa de vegetação, ambas as atividades possuem um propósito de desenvolvimento e otimização para um sistema de cultivo controlado adequado tanto para fins didáticos quanto sociais.
O projeto é uma iniciativa do grupo de extensão universitária do próprio campus e conta com alunos dos três cursos oferecidos: Biotecnologia, Nanotecnologia e Biofísica. Foi configurado com o objetivo de proporcionar o aprimoramento do conhecimento em botânica, conjunto da ciência biológica normalmente encarada como matéria escolar árida, excessivamente teórica, desestimulante e fora do contexto moderno, motivos estes pelos quais os autores Antônio Salatino e Marcos Buckeridge introduziram o conceito de “Cegueira Botânica” no estudo “Mas de que te serve saber botânica?” em 2016. A cisão dos conceitos botânicos do conjunto biológico concebe uma sociedade que passa a não reconhecer suas plantas nativas e suas respectivas aplicações na medicina, uma sociedade que não possuí em si sentimento de comunidade e que negligencia cuidados ao meio ambiente.
Ao transferir o aprendizado da sala de aula para uma casa de vegetação o grupo espera não só tornar o entendimento das matérias no campus algo mais visual e prático, mas também alinhar os conceitos de botânica às perspectivas de um futuro mais sustentável e consciente. O intuito do grupo não é voltar este ambiente apenas à comunidade acadêmica, o espaço será também aberto para a comunidade de Xerém, onde serão realizadas aulas práticas de horticultura medicinal e oficinas com o objetivo de impactar positivamente na geração de conhecimento da população local.
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